Por Lubia Souza
A Rádio UNIRP recebeu o jornalista Jonas Garcia e as psicólogas Isadora Martucci, Andrezza Machado e Marília Queiroz na noite de ontem, 5, para discutir um alerta que vem crescendo nos últimos anos: o suicídio. Segundo dados divulgados em setembro de 2018 pelo Ministério da Saúde, o Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016 – em média, um caso a cada 46 minutos. O número representa um crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior, quando 11.178 pessoas tiraram a própria vida.
Por conta do crescente índice de suicídios, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, oficializou o “Setembro Amarelo”, campanha que acontece por todo o mês para a Prevenção ao Suicídio, sendo dia 10 o Dia Mundial de Prevenção.
O programa também abordou a série 13 Reasons Why, lançada pela plataforma de streaming Netflix, em que a personagem principal, Hannah Baker, comete suicídio. Hannah também enfrenta a depressão e a série conta os motivos da personagem para tirar a própria vida.
A depressão está diretamente relacionada aos casos de suicídios. Em entrevista ao programa Coffee Trend, realizado pelas alunas de jornalismo, Ana Paula Cordeiro e Lubia Souza, a psicóloga Isadora Martucci alerta que todos sentem os sintomas depressivos no dia a dia, entretanto, a pessoa depressiva sente por mais tempo. “O que mais caracteriza o sintoma de depressão é o esgotamento, desanimo, tristeza, desesperança, isolamento e, principalmente, a perca da habilidade de enfrentamento. Por conta da depressão, você não consegue encontrar recursos internos para poder ultrapassar essas dificuldades."
“A psíquica é tamanha que você precisa concretizar aquela dor, seja pelo cutting (automutilação) ou o suicídio, que é uma tentativa de aliviar a dor da depressão, é uma estratégia de enfrentamento que não traz o resultado esperado", complementa Martucci.
O jornalista Jonas Garcia trouxe o contraponto ao programa. “Dá a impressão, na mídia em geral, que estamos criando uma geração ‘mimimi’. As gerações anteriores passaram por bullying na escola e superaram, hoje, o adolescente é chamado de quatro-olhos e já entra naquela ‘bad’. Tem isso ou não?”
Em resposta, a psicóloga Marília Queiroz relata que é a primeira vez que se é permitido falar sobre o assunto. “A gente vem, a pouco tempo, de manicômio. Isso é a questão de excluir a dor, sendo que você precisa lidar com ela. Entretanto, temos crianças que não estão sendo treinadas a tolerar a frustração, que não recebem ‘não’.” Queiroz ainda propõe que os responsáveis estabeleçam limites para a criança, assim, construindo uma mente que suporte frustrações, “para quando esse amigo dizer quatro-olhos, a criança pensar: Poxa, não sou. Se sou, lido bem com isso.”
Segundo Martucci, em nenhum momento a depressão é sinal de fraqueza, é você tentando enfrentar a dor. “É muito mais fácil os sintomas aparecerem no adolescente e na criança. Assim, os pais buscam um psicólogo para o filho, em vez de procurarem para si mesmo. Mas, na verdade, todo aquele sistema familiar que está depressivo. Nesse caso, o depressivo é o corajoso da situação.”
Para Queiroz, uma das formas de ajudar um amigo que está passando por essa fase é sentar e conversar. “Converse sobre tentativas de suicídio, sobre o sofrimento e o vazio. Porque estamos aqui com nossas aparências, mas todo mundo tem suas impotências e isso é o que nos une, é o que nos toca.”
“Na prática, busque ajudar seu amigo, leve ele para fazer o que lhe fazia feliz antes (da depressão)”, complementa a psicóloga Andrezza Machado. Ela ainda ressalta: “vamos falar sobre depressão e suicídio sempre, não só em setembro.”