Magazine Luiza rebate críticas sobre seu programa de treinee para 2020.
Na ultima sexta feira, 18, a empresa varejista Magazine Luíza causou grande discussão nas redes sociais ao anunciar que o programa treinee da empresa para 2021 será exclusivamente para negros. Atualmente, o Magazine tem em seu quadro de funcionários 53% de pretos e pardos. Mas apenas 16% deles ocupam cargos de liderança.
Segundo a empresa, o programa de trainees lançado nesta sexta-feira é o primeiro exclusivo para negros do Brasil e tem o objetivo de colocar essas pessoas para exercer funções de chefia.
A juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça do TRT-3 (Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais) afirmou sábado, 19, no Twitter que o programa era inadmissível "Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível" escreveu ela. Os deputados federais bolsonarisitas Carlos Jordy (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ) disseram que a iniciativa não teria respaldo legal. A empresa se manifestou e respondeu às declarações dos deputados "Estamos absolutamente tranquilos quanto à legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações, fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho", respondeu o Magazine Luiza em post no Twitter.
Em entrevista ao portal O Tempo, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza, disse que eles já esperavam pelas críticas e afirma a legalidade do programa. “A gente já esperava, mas tem coisas muito agressivas. Nós sempre fizemos programa misto para trainee, mas nunca funcionou. Essa foi forma que a gente encontrou. É uma solução para empresa, não uma solução geral. A gente respeita pontos de vista diferentes.
A gente não fez pra mudar o Brasil, mas para mudar a nossa empresa. A gente queria mudar uma realidade nossa. Dos mais de 2.000 trainees que selecionamos até hoje, só 10 foram negros. Tentamos mudar normal e não conseguimos. Acreditamos que as pessoas vão entrar juridicamente, mas a gente vai lutar e não vamos desistir tão fácil.”
O Movimento Ar, mobilização contra o racismo criada pela Universidade Zumbi dos Palmares e pela ONG Afrobras, divulgou nota nesta segunda-feira (21) elogiando a ação.
"A fantástica e transformadora ação da Magalu ao criar um grupo de trainees contemplando especialmente jovens negros, capitaneada pela visionária Luiza Helena Trajano, é uma manifestação de coragem e compromisso com o alcance da igualdade racial", afirma o comunicado.
Também nas redes sociais, a escritora e filósofa Djamila Ribeiro relembrou um texto que escreveu para o jornal Folha de S. Paulo e destacou que "falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios".
Foto: Divulgação
Por: Ana Paula Nunes