De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE, pela primeira vez na história houve queda nos níveis de segurança alimentar.
Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que um terço da população brasileira apresentou algum grau de instabilidade alimentar durante o período de 2017-2018. Sendo considerado como o maior índice registrado pelo órgão desde 2004, quando o levantamento foi feito pela 1ª vez. Além disso, a situação é mais grave no Norte e no Nordeste, pois menos da metade das residências tinham garantia de alimento.
Ainda, o estudo mostra que 84,9 milhões de brasileiros moram em domicílios que não possuem algum grau de segurança alimentar. Deste número, o total de 10,3 milhões passavam por instabilidade alimentar grave, não tinham alimentos suficientes e passavam fome, incluindo crianças. Tal aumento foi de 43,7% desde a última pesquisa, em 2013.
Esse levantamento faz parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil, divulgada pelo IBGE. Mostra também, que pela primeira vez na história houve queda nos níveis de segurança alimentar, pois em 2004, 65% da população do país disseram ter acesso à alimentação. Já em 2009 essa porcentagem subiu para 69,8% e em 2013 para 77,4%. No entanto, na pesquisa mais recente caiu para 63,3%.
É classificado como instabilidade alimentar, a residência que não tem qualquer garantia ao acesso a comida no futuro, ou ainda, haja uma certa redução na quantidade e/ou qualidade de tais alimentos consumidos pela família. De acordo com a pesquisa, quanto maior o índice alimentar, menor é o consumo por pessoa de hortaliças, frutas, carnes, aves, ovos, laticínios e entre outros. A preferência é sempre por cereais e leguminosas, farinhas, féculas e massas e pescados. Já os alimentos arroz e feijão é mais presente nos lares que apresentam dificuldades no acesso, em do que aqueles que não apresentam.
Segundo o Gerente de Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, André Martins, uma das possíveis causas do aumento do número em 2013, é devido a grave crise em que o Brasil passava na época. “Muitas pessoas passaram da segurança alimentar para uma insegurança alimentar leve”, relata.
As regiões mais afetadas do país são o Norte, do qual apenas 43% das residências tinham certeza ao acesso a alimentos; assim como no Nordeste, onde 49,7%- menos da metade dos lares- tinham contato com alimentos. Já na região Sul 79,3%, Sudeste com 68,8% e Centro-Oeste 64,8%.
O Brasil enfrenta uma crise econômica devido a pandemia de coronavírus, o que gerou ainda mais dificuldade para as famílias, que precisam comprar alimentos. Recentemente um pacote de arroz, que geralmente custa R$15, chegou a valer R$40. Entretanto, o governo federal descartou um tabelamento para opor a alta dos preços do produto, bem como está trabalhando para que este cenário volte ao normal.
Foto: Reprodução/Getty images
Por: Beatriz Moreira