A hashtag#AntiDomesticViolenceDuringEpidemic foi criada para ajudar vítimas durante isolamento
Após terem sido estabelecidas restrições de deslocamento a espaços públicos e privados por causa da pandemia, a violência doméstica aumentou, pois pessoas confinadas são mais propensas a brigar entre si.
No Brasil, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, correm na justiça mais de um milhão de processos relacionados à lei Maria da Penha. E esses números tendem a aumentar diante do cenário de confinamento no país, com a pandemia do coronavírus.
A experiência chinesa mostra que o número de denúncias triplicou nos três meses de reclusão a que foram impostos aos cidadãos chineses.
Segundo a ONG Weiping, de defesa à mulher, o número de consultas aumentou em três vezes durante a quarentena. Houve até a criação de uma hashtag, #AntiDomesticViolenceDuringEpidemic para ajudar mulheres a pedirem ajuda num ambiente de isolamento.
Vítima pode se isolar com outros familiares
A delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Rio Preto Dálice Ceron disse que os casos de violência doméstica podem ter aumentado devido ao isolamento domiciliar. "A aproximação acaba se resvalando para a agressão”, disse. Ela ressaltou que a violência doméstica é ainda maior nos fins de semana, por grande parte das famílias permanecerem em casa.
Para Dálice, a criatividade é importante para sair da rotina de estresse da família que leva a esse tipo de conflito. "Observa-se que muitas situações envolvem bebida alcoólica e drogas. Então, as pessoas devem se lembrar do valor de uma família”, aconselhou.
Dálice confirmou que é recomendado para a vítima desse tipo de violência fazer a quarentena, se possível, com outros familiares.
"Se o ambiente está tumultuado, se ela [a vítima] não consegue harmonia no lar, por que não [fazer o isolamento domiciliar na casa de outros parentes]? Dar um tempo para o casal repensar no relacionamento longe, pode ajudar”, acrescentou a delegada.
Empatia é a chave para evitar conflitos dentro de casa
"Atualmente, todos nós nos encontramos "aprisionados” de certa forma, por conta da quarentena. Uma vez que o parceiro consegue ter um domínio da vítima dentro de casa por um fator externo, as agressões se potencializam”, afirmou a psicanalista Deizielle Caceres.
Para ela, o estresse psicológico causado pelo isolamento domiciliar é um fator que agrava muito a violência, além da doença que a relação já possui, como a falta de respeito e falta de empatia, por exemplo.
"A energia fica mais densa, mais pesada. São duas pessoas num ambiente só já com um desgaste muito grande. A falta de respeito é o que mais potencializa a agressão”, disse.
A psicanalista aconselhar, para evitar conflitos, que se analise se a relação é realmente saudável. "Não devemos insistir no que não é saudável. Conflitos sempre irão existir e é através da empatia que muitos deles são evitados”, aconselhou.
Compreende-se por violência doméstica qualquer tipo de violência ocorrida dentro do âmbito familiar. Mulheres, homens, idosos, crianças e funcionários podem ser vítimas.
Telefones úteis:
- 180 Central de Atendimento à Mulher
- 3233-2910 Delegacia da Mulher
- 190 Polícia Militar
- 3222-2041 Secretaria da Mulher
- 3227-6518 Núcleo de Atendimento de Violência Doméstica
- 3233-2910 Delegacia dos Direitos da Mulher - DDM
- 153 Patrulha Maria da Penha – Guarda Civil Municipal
- 3222-2041 e 3222-2588 – Centro de Referência e Atendimento à Mulher – CRAM
- 08007734340 e (11) 9422-9995 (wahtsapp) Defensoria Pública do Estado de São Paulo
- 3233-7600 Tribunal de Justiça – Anexo de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
Foto: Reprodução
Por: Ana Júlia Prado