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Cinco mulheres que derrotaram o câncer e hoje vivem normalmente
23/09/2019 10:35 em Saúde

 

As cinco entrevistadas representam uma região entre todos  os estados da Federação, e realizaram seus tratamentos no Hospital de Amor, reconhecido nacionalmente como referência em diagnóstico e tratamento do câncer, em Barretos-SP.

 

Por Nando Silva

23/09/2019, às 08:14

 

REGIÃO SUDESTE

Quando chega o final de semana, cada um tem uma rotina específica, alguns a utilizam para se divertir com os filhos em parques e shoppings, outros a usam para garantir a faxina do lar. Ainda tem aqueles que preferem ficar em casa e descansar ao lado do marido ou da esposa. E quando a diversão é sinônimo de um bom churrasco, fica difícil recusar. A professora aposentada, Nahara Ribeiro de Souza, 65, sabe como ninguém como é voltar a sentir esse gosto. A mulher não apenas voltou a sentir o prazer através dos alimentos, como resgatou o valor pela vida.

A moradora de Penápolis, no estado de São Paulo, nunca imaginou que seria próxima vítima do câncer. O ano era 2014, e após sair de um casamento, sentiu fortes dores na barriga. Como o incômodo não cessava, dias depois procurou um médico que levantou o diagnóstico, um carcinoma. Nahara lembra que todo aconteceu muito rápido, pois a cirurgia aconteceu quatro dias após a descoberta da doença. De imediato, a ex-professora foi encaminhada ao Hospital do Câncer de Barretos, hoje, Hospital de Amor, para realizar a cirurgia.

Após o procedimento cirúrgico, Nahara permaneceu em repouso por onze dias, alimentando-se apenas de sopa. “No começo, na casa de apoio, só podia comer coisa batida. Se comesse carne e salada, era preciso correr para o banheiro. Até as frutas era cozido na panela de pressão e coado. Mas eu aceitava de tudo. A gente aprende a se acostumar”, conta. 

Ela salienta que a seu caso foi uma simples e não precisou de quimioterapia, muito menos radioterapia, mas apenas medicamentos e a dieta com legumes e frutas. Além da rigorosa alimentação, a atividade física se tornou constante, e a caminhada contribuiu na sua recuperação.

A viúva relembra que os três filhos deram muita força e fizeram com que não desistisse do tratamento. “Foi muito difícil. Quando chega a doença a gente pensa que vai morrer. Meus filhos choraram muito, mas eles me deram muita força. O amor de família e a fé na cura são muito importantes. Depois da operação, todos estavam muito felizes.”

Hoje, a professora aposentada vive normalmente. Ela se alimenta com carne, frutas, verduras, e faz um alerta para os que acabaram de descobrir a doença. “O primeiro impacto é muito forte. Mas o câncer não é como o infarto, por exemplo, que te leva mesmo. O câncer não mata, é só você cuidar dele e tratar. Eu tinha uma amiga que se alimentava apenas com água de coco. Ela morreu em quinze dias. É preciso ter muita calma e muita fé que tudo dará certo”, finaliza.

 

REGIÃO NORDESTE

A auxiliar de saúde bucal, Núbia Barbosa dos Santos Macedo, 40, sentiu uma grande alegria ao saber que teria também algo semelhante à terra natal: o amor do Hospital do Câncer em receber pacientes. Mas ela não foi a Barretos para passeio. Em 2015, após dar a luz ao seu segundo filho, Pedro, descobriu a pancitopenia, doença que provoca a diminuição das plaquetas, leucócitos e hemácias do sangue. Essa diminuição é provocada pela redução de células da medula óssea, liquido gelatinoso encontrado no interior dos ossos. Em entrevista, a mulher mostrou-se preocupada, pois devido a sua doença, Pedro, atualmente com três anos, pode ter sequelas. O filho mais novo, embora prematura a possibilidade, os médicos dizem, segundo Núbia, que possa ter contraído um leve autismo, doença conhecida por impossibilitar a interação e comunicação.

No dia 15 de agosto de 2016, com a baixa imunidade, aparente através de feridas na pele, ressecamento, rachadura dos lábios, além de vômitos constantes, Núbia contraíra a leucemia, um tipo de câncer no sangue. Enquanto estava em tratamento pós-descoberta, Núbia perdeu peso. “Foi desenganada pelos médicos, pois eles afirmaram que se eu contraísse uma gripe, eu morreria”.

A busca da mulher por um doador de medula óssea foi intensa, até descobrir a compatibilidade com Lucas, seu filho mais velho. “Você pode ter a alimentação que for. Essa doença não pede licença para chegar. Ela não tem raça, não tem cor, não escolhe e muito menos avisa quando chega. Tem gente de dinheiro. Vemos artistas com essa doença” afirma.

A mãe, Neide Santos da Silva recorda que a filha foi entubada num hospital em Salvador e que os médicos não confirmavam a leucemia. Ela lembra que, para criar as filhas se submeteu a todos os tipos de adversidades. “Vendia cachorro quente na praia, refresco e bolo na Liberdade (bairro de Salvador) para pagar o aluguel”, lembra. A aposentada, de 60 anos, recorda que os entubamentos da filha tiveram um resultado negativo: a perda da voz.

Pessoa de fé, Núbia conta que certa vez, em sono profundo, teve um sonho muito importante. “Em coma, tive um sonho. Eu vi uma luz com uma mão em cima de mim. No chão surgiu algo me puxando pelo calcanhar. Eu dizia: Meu Deus, depois de dezessete anos de ter meu filho, o Senhor vai me levar? Hoje eu posso dizer que vi morte” relembra.

Quanto à alimentação, ela conta que nunca foi fã de comida leve e que come qualquer coisa que satisfaça o seu paladar. Pratos pesados e tipicamente nordestinos, como o acarajé fazem parte do seu cardápio. Apesar o tratamento, os médicos, segundo a auxiliar, não a exigiram uma cardápio balanceado, com frutas e legumes e verduras. Ela conta que nunca teve qualquer alteração no corpo e que sempre foi magra e muito ativa.

Núbia se sente feliz, pois acredita que tenha eliminado a doença. A próxima etapa é seguir para Salvador e desfrutar do amor dos familiares. Até o momento, a cada dois meses ela retorna à Barretos para exames periódicos a fim de avaliar o tratamento.

 

REGIÃO NORTE

Após cinco anos ininterruptos no tratamento de um tumor, Maria Luiza Nascimento Borges, 71, volta, em 2018, a Rio Branco, capital do Acre.

Mulher, cujo nome remete à mãe do Salvador, assim como a mãe de Jesus, não rejeitou o destino. Católica e devota de Nossa Senhora Aparecida, não deixou de lado o respeito e a fé. Assim, o rosário continuou sendo uma ferramenta principal na materialização do amor pela santa e por Deus.

Ela relembra que antes do tratamento se alimentava de tudo, e que durante as sessões de quimioterapia e radioterapia, passou por uma readaptação, em que às vezes, o soro foi a alternativa de saciar a fome já que a vontade por um simples caldo não era visível. “Antes do tratamento me alimentava de tudo na vida, como peixe, frutas, verduras e legumes.”

Agora, com a doença praticamente eliminada de sua vida, a aposentada espera que a sua luta tenha sido inspiração para aqueles que tentam sair da mesma situação. “Antes, fui uma pessoa sempre muito ativa, trabalhadora. Nunca imaginei que, por acaso, eu tivesse esse tipo de doença. Quando recebi esse diagnóstico, foi sofrido, dolorido. Mas, isso é um aprendizado. A gente sofre, passa por momentos muito difíceis. Disso, nós tiramos lições,” completa.

A aposentada é apenas uma das inúmeras pessoas que vieram à cidade do peão para contornar uma grave situação de saúde. Após uma cirurgia de tireóide, Maria descobriu em 2013, após fortes dores de cabeça - um pequeno nódulo, que foi diagnosticado posteriormente como metástase, ou seja, uma migração de células cancerígenas. O problema surgiu depois de uma cirurgia mal sucedida de tireóide, glândula reguladora de órgãos, como o coração e o cérebro. Algo que parecia inofensivo, eliminado através de uma cirurgia, tornou-se um câncer. Ela tem três filhos. Um das integrantes do trio, inclusive, é especialista em saúde da mulher, mesma vitalidade que a aposentada quer gozar em sua próxima etapa de vida.  

Assim que voltar à sua terra, a mulher, além de rever os familiares, deseja retomar as suas ações na igreja. “Eu tenho tanto trabalho na igreja para fazer. Eu faço evangelização nas casas, trabalho na pastoral do dízimo. Tem sempre atividades para fazer. Sempre fui uma serva de Deus,” finaliza.

Em 2019, Maria retorna a Barretos para realizar acompanhamento. Apesar da pausa para visitar a família, ela segue com os exames de rotina, aquele os quais são monitorados pelos médicos. Assim que recebem “alta”, os pacientes têm um determinado prazo de visitas ao hospital, que pode ter um intervalo de meses ou anos, a depender de cada quadro clínico. A visita aos médicos só é interrompida quando não houver mais sequelas ou riscos de retorno da doença.

 

REGIÃO SUL

A união dos familiares, de frutas e ervas naturais foram alguns dos ingredientes para uma Rosa se abrir e mostrar a beleza do sucesso no tratamento de um tumor. O chá da folha de graviola, suco de limão com água e bicarbonato foram algumas alternativas que Rosa Goedert, acredita ter auxiliado na cura de um câncer. A doméstica, de 51 anos, é natural de Ouro Verde do Oeste, no Paraná.

Em 2011, enquanto descansava, após sentir tonturas e mal estar, percebeu um caroço entre o braço e antebraço direito. Uma das filhas notou o pequeno nódulo e a alertou para a realização de um exame para diagnosticar o problema. Ela lembra que as vezes o problema desaparecia. “O caroço era embaixo do músculo, e quando eu esticava o braço ele aparecia, quando dobrava, sumia.” lembra.

Ela afirma que viajou até Sinop, no Mato Grosso, e descobriu que realmente se tratava de um câncer. Com o diagnóstico em mãos, ela teve que realizar o acompanhamento em vários lugares, como em Cuiabá, no Mato Grosso, Santarém, no Pará, e Barretos, em São Paulo.  Rosa saliente que foi uma verdadeira luta.  Além de enfrentar estradas de chão, cansaço e desânimo, o dinheiro também foi um grande percalço. “Eu fiz ressonância no braço a cada três meses no Pará. Por vezes, eles me ligavam, afirmando que não tinha ficado bom. Eu tinha que voltar.”

Ela recorda que para viajar para Sinop, teve que pedir dinheiro empestado e realizar cirurgia. Por vezes alugou a casa onde moram para arcar os custos da viagem e residir na companhia de parentes.

Em Barretos, interior de São Paulo, a doméstica, após sete anos em idas e vindas, recebeu o veredicto final, um sarcoma. Atualmente, Rosa mora em Novo Progresso, sudoeste do Pará com a família. “Na primeira vez que fui, fiquei duas noites e um dia de viagem até Barretos. É muito longe, é cansativo. Fui, consultei e voltei para casa. Mas em menos de um mês, tive que voltar” conta.

Segundo a doméstica, os médicos diziam que a doença, devido estar alinhado ao pulmão, poderia surgir ali. “Eu não fiz radioterapia, nem quimioterapia. O sofrimento maior são as viagens. ”

Ela diz que os médicos nunca a proibiram de ingerir algum tipo de alimento. “Eu sempre fui de cuidar da minha alimentação. Não bebo quase refrigerante. Estou sempre cuidando da saúde. Eu tomo muito o chá, remédio caseiro. Eu falo que isso me ajudou muito,” finaliza.

Mesmo após o tratamento, o câncer deve ser monitorado pelos médicos. Rosa vai guardar a consulta para quando completar um ano. Ela é casada e tem quatro filhos, uma mulher e três homens.

 

REGIÃO CENTRO-OESTE

Maria Ribeiro de Paiva Correia, 56, venceu o câncer, embolia e uma trombose. Moradora de Várzea Grande, interior do Mato Grosso, descobriu a doença em outubro de 2007, depois de fortes dores na barriga. Após a automedicação, esse incômodo não era o único problema, pois as náuseas também passariam a atormentá-la. Foi então que resolveu procurar ajuda médica e constatou que estava com câncer e em avançado estado.“Aí começou a correria. Com ajuda do meu esposo, que me levava no médico para fazer os exames, fiquei internada na Santa Casa, em Cuiabá. Lá, os médicos desconfiaram que fosse câncer. Depois da biópsia, o médico falou que a doença estava avançada. Maria estava com um quadro delicado e o nível da doença chegava a 3, restando mais dois estágios para a morte (nível 5).

Assim, a sua família a encaminhou para o estado de São Paulo, a fim de seguir no tratamento. Por ser mais rápida a cirurgia, a família a acompanhou até Barretos. Ela afirma que a sua melhora foi gradual. “A recuperação não foi fácil, foi com muito sofrimento e dificuldades. Foi um pouco demorada, foi tudo aos poucos. Teve alimentos que fiquei anos sem comer, como feijão e arroz. Mas com o tempo foi melhorando”, lembra.

Com o estado agravante, Sandra Regina Caminoto, 55, empregada de uma pousada em Barretos, afirma que os médicos apenas ofereceram medicamento para uma trombose no coração, problema o qual Maria também adquirira. De acordo com Sandra, uma irmã de Maria foi até o local em busca de ajuda para salvá-la.

A mulher disse que o estado da mulher era muito grave, visto que a doença havia se espalhado pelo corpo. “Ela não tinha apenas câncer no estômago, como o esôfago, intestino e fígado também foram prejudicados.”

Em Barretos, o tratamento de Maria, entre idas e vindas, durou dezoito meses. Hoje, depois da cura, a preocupação com o que vai comer é ainda maior. Ela prefere alimentos preparados em casa, como lanches e frutas bem lavadas.

Maria lembra que os médicos passariam a dar maior importância a uma trombose e embolia, doenças que contraiu na época do câncer. Depois de ficar seis dias internada após a cirurgia no estômago, seguiu com os medicamentos prescritos pelos médicos. Atualmente, a professora vem à São Paulo uma vez por ano para realizar exames de rotina.

Ao lado do esposo e de um casal de filhos, Maria atribui o sucesso no seu tratamento à fé, persistência e o amor da família. Estes foram os ingredientes para a luta contra a doença. “Se não cuidar, qualquer doença mata. É importante nunca desistir do tratamento, nunca desistir da vida. Enquanto há vida, há esperança e há cura. Meu maior presente é a minha vida de volta”. Com emoção, ela relembra que certo dia entrou no quarto de um dos filhos e se deparou com ele em prantos e uma bíblia no colo. “Eles precisam de mim, eles são adolescentes. Pedi muito e Deus e Nossa Senhora para me tirar dessa situação."

Atualmente, a matogrossense agradeçe a Deus e aos médicos que a ajudaram no retorno de sua saúde; "Nem me lembro que tive câncer no estômago."

 

Foto: Reprodução/ Pixabay

 

 

 

 

 

 

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